ABBAGANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 5.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007
"Essa expressão, que não deve ser confundida com senso comum, foi usada por Descartes como sinônimo de razão, na frase que abre o Discurso do método: 'A faculdade de bem julgar e de distinguir o verdadeiro do falso, propriamente chamada de Bom senso ou razão, é, por natureza, igual em todos os homens'. Hoje, não se poderia mais admitir essa sinonímia. Por um lado, a razão passou cada vez mais a designar técnicas específicas e, por outro, o Bom senso continuou designando certo desequilíbrio e certa moderação no juízo dos problemas comuns da vida e no comportamento cotidiano. Muitas vezes, porém, o que parece extravagante ou paradoxal para o Bom senso tem mais valor do que aquilo que se lhe conforma, porque o Bom senso tem como referência apenas o sistema estabelecido de crenças e de opiniões, só podendo julgar a partir dos valores que esse sistema inclui. É muito frequente que a ciência e a filosofia prescindam do Bom senso, ainda que nunca ou quase nunca possam deixar de lado as pequenas ações cotidianas, entre as quais o Bom senso estaria em seu elemento" (ABBAGANO, 2007, p. 111).