FIGARO, Roseli. Ação Comunicativa. In: Enciclopédia INTERCOM de comunicação. São Paulo: Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, 2010, p.59.
Ação comunicativa é um conceito que deve ser compreendido em consonância com a razão comunicativa. Ambos são fruto da formulação teórica do filósofo e sociólogo alemão Jürgen Habermas.
Pode-se afirmar que a proposta de Habermas parte da análise da teoria da ação e seu fundamento racional, tentando satisfazer três pretensões: a) desenvolver um conceito de racionalidade capaz de emancipar-se de supostas versões subjetivas e individualistas; b) construir um conceito de sociedade em dois níveis, integrando os paradigmas de sistema e mundo da vida; c) elaborar uma teoria crítica que ilumine as patologias e deficiências da modernidade e sugira novas vias de reconstrução do projeto Iluminista, ao invés de propugnar o seu abandono.
A linguagem verbal é a expressão da relação intersubjetiva (sujeito-sujeito), regida por normas de validade. O ato de fala (Austin) é fundamentado na Pragmática Universal (Wittgenstein) e na evolução social (análise das estruturas dos proferimentos).
Os atos de fala como manifestações ilocucionárias guardam em si a capacidade de validade e de ação, a ação comunicativa. A validez dos proferimentos pode ser constatada pela estrutura da ilocução, visto que é da sua natureza o entendimento.
Sujeitos de um mesmo universo linguístico, em situação ideal de fala, dispõem da palavra em igualdade de condições, sem qualquer coação, têm possibilidades de construir o consenso. Sistema e mundo da vida são esferas diferentes da sociedade.
A ação comunicativa é pertinente ao mundo da vida, pois este é eminentemente comunicativo. A racionalidade comunicativa se constrói no consenso advindo da ação comunicativa.